Atacama sempre foi aquela viagem que parecia inalcançável. Deserto mais árido do mundo, Chile, paisagens de outro planeta. A gente via fotos e pensava: "quanto será que custa isso?"
Fomos. Passamos 7 dias lá. E voltamos com todos os números anotados - porque a gente sabe que essa é a primeira pergunta de quem tá planejando: quanto custa de verdade?
O que gastamos?
Passagens aéreas de Curitiba até Calama (o aeroporto mais próximo do Atacama) custaram R$ 1.181 por pessoa, ida e volta. Não foi promoção, não foi milhas - foi o preço normal que encontramos planejando com uns 2-3 meses de antecedência.
Transfer de Calama até San Pedro do Atacama: R$ 144 por pessoa. Pegamos com a Transv, que é uma das empresas mais usadas. É transfer compartilhado, confortável, te deixa no hotel. São uns 100km de estrada no meio do deserto.
Hospedagem: 6 noites com café da manhã incluído saíram por R$ 1.232 por pessoa. Nada de luxo, mas limpo, com aquecimento (noites lá são geladas) e café reforçado - que você precisa porque os passeios saem cedo.
Passeios: Fizemos 5 - Vale de La Luna, Piedras Rojas, Gêiseres del Tatio, Passeio Astronômico e Laguna Cejar. Deu R$ 1.459 por pessoa, com alimentação inclusa nos tours de dia inteiro.
Alimentação em San Pedro ficou na média de R$ 60 por refeição. É uma cidade pequena, turística, então não espere preço de capital. Mas a comida é boa e você tem opções.
No total, R$ 4.616 por pessoa pelos 7 dias completos. Somos dois, então deu R$ 9.232 no total da viagem.
Os 5 passeios que fizemos
Vale de La Luna
Formações rochosas que parecem superfície lunar. Literalmente - a NASA usa a região pra testar equipamentos que vão pra Marte. O passeio é no fim da tarde, você sobe em dunas, anda entre pedras bizarras e fecha com pôr do sol. É o passeio mais perto de San Pedro (15km) e um dos mais bonitos.
Piedras Rojas
Esse é passeio de dia inteiro e altitude pesada - você passa de 4.000m. Piedras Rojas são formações de pedra vermelha gigantes no meio do nada, com laguna azul na frente. Visual surreal. O tour também passa pelas Lagunas Miscanti e Miñiques. Leve água, protetor solar e vá devagar - altitude cansa mesmo.
Gêiseres del Tatio
Acordar às 4h da manhã é punk. Mas ver os gêiseres soltando vapor ao nascer do sol, a 4.300m de altitude, compensa. Faz um frio absurdo (tipo -10°C), mas tem piscina termal lá pra você entrar - se tiver coragem. A gente foi, valeu, mas não vamos mentir: é cansativo.
Passeio Astronômico
Melhor passeio. Sério. O céu do Atacama é considerado o mais limpo do mundo - não tem poluição luminosa, não tem umidade. Você vê Via Láctea inteira a olho nu. Com telescópio, dá pra ver Saturno, Júpiter, galáxias. O guia explica tudo. É de noite, depois do jantar, e você sai de lá com a cabeça explodindo.
Laguna Cejar
Laguna tão salgada que você boia tipo Mar Morto. Experiência bizarra e ótima. O tour também passa pela Laguna Tebinquinche, que tem visual de espelho do céu. É no fim de tarde, pega pôr do sol. Atenção: água salgada ARDE se entrar no olho, então cuidado.
Atacama pra quem trabalha remoto
Vamos ser diretos: San Pedro do Atacama não é cidade pra trabalhar.
A internet é lenta e instável. Coworkings não existem. A cidade vive de turismo e você vai passar o dia fora em passeios - acordando às 4h, voltando às 19h. Não dá pra trabalhar e aproveitar ao mesmo tempo.
Mas isso não significa que nômade digital não pode ir pro Atacama. Só precisa planejar diferente.
A estratégia que funciona: use Santiago como base de trabalho e reserve uma semana pra desconectar no Atacama. Santiago tem boa infraestrutura (internet, coworkings, cafés), é capital funcional e fica a 2h de voo de Calama.
Você trabalha 2-3 semanas de Santiago, conhece a cidade, tira uma semana de férias (ou trabalha menos) e vai pro Atacama. Volta pra Santiago e segue trabalhando.
Atacama é pra desconectar. E tá tudo bem. Nem toda viagem precisa ser trabalho + praia. Às vezes você precisa de uma semana só pra viver a experiência - e depois volta pro trabalho.
Se você tá no modelo de trabalho remoto com férias normais, Atacama cabe perfeitamente. Se você é freelancer ou tem flexibilidade, melhor ainda - bloqueia uma semana, avisa os clientes, vai.
A dica que eu queria ter recebido (e não recebi)
Não compre os passeios antes de chegar.
Sério. A gente quase fechou tudo online antes, com medo de chegar lá e não ter vaga ou preço aumentar. Mas conversando com quem já tinha ido, resolvemos arriscar.
Chegamos em San Pedro, andamos pela Calle Caracoles - que é a rua principal cheia de agências de turismo - e comparamos. Tem dezenas de opções. Você conversa, negocia, fecha os passeios com calma.
Economiza MUITO fazendo assim. Os preços online são bem mais caros que presencialmente. E sempre tem disponibilidade - a não ser que você vá em super alta temporada (dezembro/janeiro).
Vale a pena?
Se você tem a grana guardada e tá naquela de "será que vale?" - vale.
Atacama não é aquela viagem que você faz todo ano. Mas é aquela que você não esquece. E sabendo que dá pra fazer por menos de R$ 5.000 por pessoa, fica menos distante do que parece.
É o tipo de viagem que a gente defende aqui: que muda alguma coisa em você.

